A perda auditiva como uma doença crônica gera diretamente perda da percepção da fala que impacta na interação social e qualidade de vida do paciente. Só isso já gera transtornos suficientes para abalar a tranquilidade de qualquer um de nós. Mas, infelizmente, não é só isso. Estudos diversos dos últimos dez anos mostram que a perda auditiva acelera, agrava ou progride outras doenças ou condições que, a princípio, nada tem a ver com o ouvido.
Vejam as 7 morbidades (quando existe duas ou mais condições ou doenças num mesmo paciente) que tem associação com perda auditiva:
- SOLIDÃO E ISOLAMENTO: duas pesquisas internacionais realizadas com idosos com perda auditiva concluíram através de questionários que os participantes se sentiam mais sozinhos e isolados após o aparecimento da perda auditiva. Os pesquisadores justificam que a falta de estimulação auditiva diária e o excesso de esforço para entender uma conversa desestimulam o paciente a participar de atividades sociais tornando-os menos ativos.
- DEPRESSÃO: não existe um consenso entre os estudos que verificam possível correlação entre perda auditiva e depressão na população idosa. Alguns defendem que, na medida em que a perda auditiva aumenta, os sintomas depressivos proporcionalmente se agravavam. Outros não verificam a correlação pois o agravamento da depressão também acontece nos idosos com audição normal. A conclusão que temos é de que, apesar do impacto não ser direto, a falta de audição pode ser fator de risco para aparecimento ou agravamento da depressão.
- RISCO DE QUEDA: um estudo de 2004 em idosos com perda auditiva e sem outros comprometimentos cardíacos ou de equilíbrio aponta para um número preocupante; a cada 10dB (decibéis) que a perda auditiva piorou nestes pacientes, o número de quedas por ano aumentou 1,4 vezes. Ou seja, a perda auditiva piora a percepção espacial do ambiente que aumenta os riscos de quedas mesmo para aqueles que não possuem outros fatores de riscos associados. Lembrando que as quedas nesta faixa etária podem comprometer gravemente a locomoção ou até levar a óbito.
- DOENÇAS CARDIOVASCULARES: um estudo publicado em 2009 em uma importante revista médica observou perdas auditivas impedem a percepção de sons mais graves (sons grossos de baixa frequência) podem sugerir risco para doenças vasculares do cérebro como o AVC (acidente vascular cerebral). O 1 sexta-feira, 8 de dezembro de 2017 estudo descreve que a perda auditiva nesta configuração pode indicar falta ou excesso de irrigação de sangue no cérebro, ou até mesmo falta de alguns nutrientes importantes para manter o seu bom funcionamento.
- DIABETES: dois importantes estudos já comprovaram que a probabilidade de surgimento ou agravamento da perda auditiva em pacientes com diabetes, devido ao excesso de glicose no sangue que pode intoxicar as células e nervos auditivos. A incidência de perda auditiva dobra nos pacientes com a doença, mesmo controlada e sem outros fatores associados.
- DOENÇAS COGNITIVAS E DEMÊNCIA: de todas as doenças acima citadas talvez essa seja a mais estudada nas últimas décadas. De todos, os estudos longitudinais, ou seja, que acompanham os pacientes ao longo de muitos anos, são os mais efetivos para se comprovar o impacto da perda auditiva no funcionamento do cérebro. E, infelizmente, as notícias não são boas; pesquisas apontam para um agravamento de até 24% na doença de Alzheimer naqueles pacientes que tem perda auditiva e não trataram durante o estudo. Está piora não aconteceu para aqueles que não tem perda ou utilizaram aparelhos auditivos (veja nosso artigo “Comprovado: a perda auditiva não tratada pode acelerar doenças do cérebro” no site).
- MORTALIDADE: não, não é mentira. Pesquisadores islandeses examinaram a visão e audição de 4.926 idosos de 67 anos ou mais entre 2002 a 2006 que foram acompanhados prospectivamente por três anos. No estudo, indivíduos com perda auditiva apresentaram maior risco de morte por doença cardiovascular de todas as causas do que aqueles sem perda de audição. Depois de tudo isso, fica difícil dizer que a perda auditiva não causa problemas para a vida da gente. Mas, o cenário pode ser bem diferente se tomarmos uma atitude rapidamente na medida em que o uso do aparelho auditivo não só corrige a perda auditiva como permite estimulação dos neurônios auditivos do cérebro, aumenta irrigação sanguínea no ouvido, exige maior trabalho do nosso sistema de atenção e memória, nos mantém alerta durante a locomoção e possibilita continuarmos nos relacionando com as pessoas que amamos!
Ufa, que bom que existem os aparelhos auditivos!
FONTE: http://www.hearingreview.com/2017/11/hearing-loss-associatedcomorbidities-know/? utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_term=HR+Insider+12.7&sp_rid= NDEwMDgyNzYwODY3S0&sp_mid=18621090&sp_lnm=S%7CHearing%20Loss%2 0and%20Associated%20Comorbidities:%20%20What%20Do%20We%20Know? &spMailingID=18621090&spUserID=NDEwMDgyNzYwODY3S0&spJobID=1160581 285&spReportId=MTE2MDU4MTI4NQS2